quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Lógicas Formal, Material, justiça e verdade:

Lógicas Formal, Material, justiça e verdade:

A Lógica Formal não se ocupa da justiça, nem da verdade. E a Lógica Material? Existe, sim, uma lógica material, uma lógica interna, metodológica, no estudo da justiça e no estudo da verdade, da verdade filosófica. A Lógica Formal, por seu turno, não tem qualquer compromisso com a justiça ou com a verdade, especialmente com a verdade das proposições usadas nos silogismos. A validade lógica decorre, exclusivamente, da forma (modo mais figura) dos silogismos, das inferências neles contidas. Mas quem estuda a justiça e a verdade, assim como ética, moral etc., usa a Lógica Formal para atingir, de modo seguro e correto, a verdade das proposições formuladas acerca da justiça e da verdade. Discernir, de modo seguro e correto, a veracidade ou não das proposições formuladas acerca da justiça e da verdade é o mote das Lógicas Formal e Material. Quem estuda a justiça e a verdade, assim como ética, moral etc., usa a Lógica Formal para discernir (separar o "joio do trigo"), de modo seguro e correto, a veracidade ou não das proposições formuladas acerca da justiça e da verdade. Uns vão dizer: "a justiça é isso"; outros, que "ela é aquilo outro". Daí, com as Lógicas Formal e Material - extraordinário, porém inerentemente humano, instrumental do pensar correto e verdadeiro - é possível separar o "joio do trigo", discernir, julgar, enfim, descobrir a verdade ou falsidade das proposições formuladas acerca da justiça e da verdade. Descobrir a verdade acerca da verdade: uma espécie de metaverdade. A justiça da justiça: uma espécie de metajustiça. O que se tem, a bem da verdade, são: as Lógicas Formal e Material a serviço da justiça e da verdade.

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Obras consultadas:

COELHO, Fábio Ulhoa. Roteiro de lógica jurídica / Fábio Ulhoa Coelho. — 5. ed. rev. e atual. — São Paulo : Saraiva, 2004.

TOBIAS, José Antonio. Iniciação à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Editora da UNOESTE, 1986.

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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Estudos de Lógica da Argumentação: teste a validade do seguinte argumento:

Algumas pessoas com a cabeça descoberta que tremem de frio estão com as cabeças aquecidas.
Todas as pessoas com a cabeça descoberta que tremem de frio estão perdendo muito calor do corpo através de suas cabeças.
Todos que estão perdendo muito calor do corpo através de suas cabeças deveriam colocar um chapéu para se manterem aquecidos.
Logo, algumas pessoas que têm as cabeças aquecidas deveriam colocar um chapéu para se manterem aquecidas.

Cópula: verbo "estar", que pode ser substituído por "ser".
P = pessoas com a cabeça descoberta que tremem de frio;
C = com as cabeças aquecidas;
M = perdendo muito calor do corpo através de suas cabeças;
H = um chapéu para se manterem aquecidos

Algumas pessoas com a cabeça descoberta que tremem de frio estão com as cabeças aquecidas.
Algum P é C.
Todas as pessoas com a cabeça descoberta que tremem de frio estão perdendo muito calor do corpo através de suas cabeças.
Todo P é M.
Todos que estão perdendo muito calor do corpo através de suas cabeças deveriam colocar um chapéu para se manterem aquecidos.
Todo M é H.
Logo, algumas pessoas que têm as cabeças aquecidas deveriam colocar um chapéu para se manterem aquecidas.
Logo, algum C é H.

Algum P é C.
Todo P* é M.
Todo M* é H.
Logo, algum C* é H*.

Este silogismo (que não é categórico, porque todo silogismo categórico tem apenas três proposições, sendo duas premissas e uma conclusão) é válido. E validade é uma qualidade relacional de todo silogismo, porque relaciona a veracidade ou falsidade das premissas à veracidade ou falsidade da conclusão. Como assim? A validade formal do silogismo garante que, se as premissas forem, todas elas, verdadeiras, a conclusão também o será. Se a conclusão não for veraz, então de duas uma: ou uma das premissas, senão ambas, é falsa, ou o silogismo é inválido, em virtude mesmo, exclusivamente, de sua forma. Se bem que pode ocorrer de uma das premissas, senão ambas, ser falsa, e ainda o silogismo ser inválido, por causa da sua forma, tudo isso ao mesmo tempo, concomitantemente, o que levará à uma conclusão falsa também.

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Bibliografia:

COELHO, Fábio Ulhoa. Roteiro de lógica jurídica / Fábio Ulhoa Coelho. — 5. ed. rev. e atual. — São Paulo : Saraiva, 2004.
GENSLER, H. J. Tradução livre resumida da 1ª parte do livro "Introduction to Logic", de H. J. Gensler, feita por Daniel Durante. Disponível em: https://danieldurante.weebly.com/uploads/2/2/9/3/22938190/apostila_logica_gensler.pdf. Acesso em: 7 de janeiro de 2020.
TOBIAS, José Antonio. Iniciação à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Editora da UNOESTE, 1986.


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sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Curiosidade oculta por trás do silogismo categórico aristotélico:

Os números 3, 6 e 9 estão presentes no silogismo categórico aristotélico. Como assim?

3, porque são três proposições categóricas, duas servindo de premissas e outra, de conclusão.
6, porque, segundo Fábio Ulhoa Coelho, o silogismo categórico aristotélico opera, necessariamente, com três termos distintos, que figuram cada um deles em duas das proposições deste silogismo - 3 vezes 2 = a 6. São sempre três pares de letras maiúsculas.
9, porque basta somar o número de vezes em que cada um dos três termos diferentes figura em duas das proposições do silogismo com o número total de proposições do silogismo categórico aristotélico - 6 mais 3 = a 9. É só somar as duas extensões anteriores, 3 e 6, que dá 9.

Todo A é B.
Todo C é A.
Logo, todo C é B.

No silogismo categórico aristotélico, deve haver sempre três proposições categóricas, duas servindo de premissas e outra, de conclusão. É o 3 oculto.
Três termos diferentes: A, B e C. São sempre três pares de letras maiúsculas. Sempre há três termos diferentes (por exemplo: A, B e C), que figuram cada um deles em duas das proposições do silogismo categórico aristotélico. É o 6 oculto.
Agora, é só somar as duas extensões anteriores, 3 e 6 ocultos, que dá o 9, também oculto. O oculto é matemático! Pitágoras! Os segredos do Universo estariam na Matemática? Os segredos do Universo estariam na Matemática e na Lógica?
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Fontes bibliográfica e de pesquisa:
Coelho, Fábio Ulhoa. Roteiro de lógica jurídica / Fábio Ulhoa Coelho. — 5. ed. rev. e atual. — São Paulo : Saraiva, 2004.
Nikola Tesla descobriu os mistérios? Parece que sim...
Vide vídeo enviado por The History Channel Brasil no canal deles no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=lEOcn1WioWY. Mas há muitos vídeos no YouTube sobre Nikola Tesla com algumas referências às excentricidades dele, dentre elas a crença acerca dos mistérios envolvendo os números 3, 6 e 9. Não acredito muito nisso, na verdade nada, é apenas uma curiosidade "oculta" por trás do silogismo categórico aristotélico.

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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Lógica Material e sua estreita relação com a Metodologia Científica: brevíssimas considerações

De que "matéria" você gosta? De que "disciplina" você gosta? Ah, eu gosto de Gramática da Língua Portuguesa, eu gosto de Matemática, eu gosto de História, e eu gosto também de Lógica. Na Lógica Material, o que importa é a "matéria", isto é, o conteúdo, a "substância", o sentido, o significado, a semântica do que está sendo dito, afirmado ou negado. A Lógica Material se ocupa, basicamente, da verdade e da falsidade daquilo que se afirma ou nega. Toda ciência ou disciplina tem uma "lógica interna" que lhe é inerente, uma "lógica material", própria mesmo daquela ciência, daquela "matéria" ou disciplina em específico. Claro que, para se chegar à verdade ou à falsidade daquilo que se afirma ou nega, é preciso lançar mão duma metodologia, que, no âmbito científico, recebe o nome de Metodologia Científica.

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Obras consultadas:

COELHO, Fábio Ulhoa. Roteiro de lógica jurídica / Fábio Ulhoa Coelho. — 5. ed. rev. e atual. — São Paulo : Saraiva, 2004.
TOBIAS, José Antonio. Iniciação à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Editora da UNOESTE, 1986.


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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Dedução silogística cuja forma (= modo + figura) é “AAA-1”

Todo A é B.
Todo C é A.
Logo, todo C é B.

Todo C é B.
Todo D é C.
Logo, todo D é B. 

Todo D é B. 
Todo E é D.
Logo, todo E é B.

Todo E é B.
Todo F é E.
Logo, todo F é B.

Todo F é B.
Todo G é F.
Logo, todo G é B.

Todo G é B.
Todo H é G.
Logo, todo H é B.

Todo H é B.
Todo I é H.
Logo, todo I é B.

Todo I é B.
Todo J é I.
Logo, todo J é B.

Todo J é B.
Todo K é J.
Logo, todo K é B.

Todo K é B.
Todo L é K.
Logo, todo L é B.

Todo L é B.
Todo M é L.
Logo, todo M é B.

O que seria uma dedução silogística? São conceitos bastante aproximados, certamente. De acordo com Fábio Ulhoa Coelho, "[...] o silogismo opera uma dedução, isto é, as premissas são gerais em relação à conclusão, de modo que nesta não pode haver informação que já não se encontre naquelas." (1)

É, a meu ver, a "dedução" uma espécie de "redução" ou "extração". "Deduzir" seria algo parecido com "reduzir" ou até mesmo "retirar", "extrair". "Dedução" como "redução" ou "retirada", enfim. São ideias aproximadas. Como se fosse "mais do mesmo". Imagine-se o esfregar duma borracha no papel, a fim de apagar algum escrito que se quer extirpar, por causa de algum erro. A borracha, à medida que se faz a fricção sobre o papel, vai se desfazendo em micro pedacinhos, mas esses mesmos micro pedacinhos são "partes do todo", da borracha, são, por isso mesmo, "mais do mesmo". Daí por que Coelho afirma que "[...] as premissas são gerais em relação à conclusão". E ele arremata dizendo não poder "[...] haver informação [na conclusão] que já não se encontre naquelas [nas premissas]." Levando, analogamente, para a área da tributação, pagamento de impostos etc., a fim de ilustrar o conceito de "dedução", quando se diz "deduzir algo do imposto de renda", significa dizer, "grosso modo", "reduzir" ou "retirar" ou "extrair" algo do cálculo do imposto de renda, da declaração de tal imposto. Voltando à ideia de "mais do mesmo", é como se a "dedução" ou "raciocínio dedutivo" fosse, analogamente, como a "desconcentração" duma substância pura qualquer. Imagine-se, nesse sentido, a diluição de um achocolatado qualquer num copo de leite. O achocolatado continua sendo o mesmo achocolatado, embora, agora, esteja ele diluído, dentro do copo de leite.

Conforme H. J. Gensler, silogismo

[É] uma seqüência vertical de uma ou mais fbfs [ou fórmulas-bem-formadas] na qual cada letra ocorre exatamente duas vezes e as letras formam uma cadeia, ou seja:
● Cada fbf [ou fórmula-bem-formada] tem pelo menos uma letra em comum com a fbf exatamente abaixo dela, se houver alguma, e a primiera fbf tem pelo menos uma letra em comum com a última fbf. (sic) (2)

Note-se que a cadeia de dedução silogística acima começa com "Todo A é B." e termina com "Logo, todo M é B." A letra maiúscula "B", que representa um dos termos da proposição categórica em referência (termo predicado), aparece tanto no começo quanto no fim da cadeia, por maior que seja tal sequência argumentativa/silogística. Caso não se tivesse mais letras maiúsculas distintas para representar os termos predicados, tal como ocorrem em "Todo A é B." (início da sequência argumentativa/silogística) e "Logo, todo M é B." (final da sequência argumentativa/silogística), poder-se-iam acrescentar, ainda, números às letras, enfim. Não há, em tese, limite para isso. O mais importante é notar que, de fato, as letras maiúsculas formam uma cadeia ou uma sequência vertical de dedução silogística/argumentativa. A letra "B", inexoravelmente, tem de aparecer, ao final da dedução silogística/argumentativa, caso haja rigor lógico nessa construção, é claro, e isso independentemente do tamanho da sequência argumentativa/silogística, justamente porque "B" apareceu lá no começo. É o que assevera Gensler, quando diz que a primeira fórmula-bem-formada (ou proposição) tem, ao menos, uma letra em comum com a última fórmula-bem-formada (ou proposição). É como se fossem os elos duma corrente ou dum colar. A conclusão dum silogismo é a premissa do silogismo seguinte, e por aí vai. E o mais fantástico disso tudo vem a seguir, porque a partir desses conceitos, é possível elucidar, desvelar, revelar, descobrir, a relação íntima entre Lógica e Ciência. Esta surge como fosse o resultado daquela. Na verdade, a Lógica é instrumento da Filosofia e de todas as Ciências, como afirma José Antonio Tobias.

José Antonio Tobias, ao classificar, primeiramente, a Lógica em natural, de um lado, e científica, do outro, e esta última (a científica) em Formal e Material diz que:

A segunda parte [da Lógica científica], a Lógica Material, ou Grande Lógica, ou Lógica Maior, estuda a matéria do raciocínio, isto é, o conteúdo, a verdade do antecedente e do conseqüente. A Lógica Material aplicará a Lógica Formal para saber se o raciocínio é correto; mas seu objeto específico é ver se o raciocínio é verdadeiro ou não.

A verdade, que se obtém pela demonstração propriamente dita, gera a certeza; a demonstração em sentido estrito, é o raciocínio produtor da verdade. O provável, que se consegue pela demonstração imperfeita, dá a opinião. O raciocínio falso, chamado sofisma, causa o erro. O caminho, constituído por várias demonstrações concatenadas entre si, forma o método. O resultado ordenado do método demonstrativo é a ciência [...]." (3)

Demonstrou-se, aqui, no começo deste "post", uma dedução silogística, em que a conclusão dum silogismo (dedução) é a premissa do silogismo seguinte, e por assim vai, formando uma espécie "corrente", com elos que vão se fechando uns com os outros, como um sistema. Poderia haver, todavia, além de raciocínios dedutivos, raciocínios indutivos e até mesmo abdutivos, o que será visto em "posts" futuros. Tais demonstrações, a que fez referência Tobias, podem ser desses três tipos - dedução, indução e abdução. Imagine-se demonstrações dedutivas concatenadas com indutivas, com abdutivos, e até mesmo com outras também dedutivas, entre si, umas com as outras, constituindo uma "cadeia ou sequência metodológica". É isso que forma o método demonstrativo. E, segundo Tobias, a ciência é, justamente, o resultado ordenado desse método demonstrativo, podendo envolver dedução, indução e abdução, "tudo ao mesmo tempo", "misturado", ao menos na minha concepção de "método demonstrativo". A Lógica (Formal e Material), portanto, é quem leva ordem ao resultado desse método (ou caminho) demonstrativo que é a Ciência. Os conceitos de forma (modo + figura) serão vistos em "posts" futuros também. A forma “AAA-1”, de igual modo, será analisada em um momento posterior. Por hoje é só.

Obs.: todo este pequeno texto foi escrito com base nos ensinamentos de Fábio Ulhoa Coelho, H. J. Gensler (cuja tradução livre resumida da obra "Introduction to Logic" é da autoria de Daniel Durante) e de José Antonio Tobias.

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Referências bibliográficas:

COELHO, Fábio Ulhoa. Roteiro de lógica jurídica / Fábio Ulhoa Coelho. — 5. ed. rev. e atual. — São Paulo : Saraiva, 2004.
GENSLER, H. J. Tradução livre resumida da 1ª parte do livro "Introduction to Logic", de H. J. Gensler, feita por Daniel Durante. Disponível em: https://danieldurante.weebly.com/uploads/2/2/9/3/22938190/apostila_logica_gensler.pdf. Acesso em: 7 de janeiro de 2020.
TOBIAS, José Antonio. Iniciação à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Editora da UNOESTE, 1986.

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